sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quanto cabe de informação no mundo?

Dezenas de jornais e revistas, centenas de canais de televisão, milhares de sites com milhões de páginas na internet e bilhões de chamadas e de mensagens em redes sociais transitando por computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos.

Informação demais? Longe disso, por mais incrível que pareça. Segundo artigo publicado nesta sexta-feira (11/2) no site da revista Science, o mundo não está nem perto de um eventual limite, pelo menos do ponto de vista tecnológico, para lidar com dados digitais.

Os autores do estudo, Martin Hilbert e Priscila López, da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, calcularam a capacidade mundial para armazenamento, processamento e comunicação de informações a partir da análise de tecnologias analógicas e digitais disponíveis de 1986 a 2007.

Os resultados incluem números grandiosos. Em 2007, a humanidade era capaz de lidar com 295 exabytes de dados (ou 2,95 vezes 10 elevado a 20). Para se ter uma ideia da dimensão, se cada estrela no Universo fosse um único bit de dado, haveria uma galáxia de informações para cada pessoa no mundo.

Parece muito, mas depende de onde está a comparação, pois se trata de menos de 1% da informação armazenada em todas as moléculas de DNA de um ser humano.

O estudo observou que 2002 pode ser considerado o início da era digital, pois foi o primeiro ano em que a capacidade de armazenamento digital de dados superou a capacidade analógica. Em 2007, quase 94% da informação produzida pelo homem estava em formato digital.

Em 2007, a humanidade transmitiu 1,9 zetabytes de dados por meio de tecnologias de transmissão de sistemas como televisão e GPS, o que equivale a 174 jornais por dia para cada habitante do planeta.

No mesmo ano, a comunicação bidirecional, como telefones, foi responsável pela troca de 65 exabytes de dados, o equivalente a 6 jornais por pessoa por dia.

Todos os computadores existentes no mundo em 2007 foram responsáveis pelo processamento de 6,4 vezes 10 elevado a 18 instruções por segundo. Para processar tal ordem de magnitude à mão seriam precisos 2,2 mil vezes o período desde o Big Bang.

Os autores estimaram que, de 1986 a 2007, a capacidade de computação mundial cresceu 58% ao ano, enquanto as telecomunicações cresceram 28% e a capacidade de armazenamento, 23%.

“São números impressionantes, mas ainda minúsculos quando comparados com a ordem de magnitude na qual a natureza lida com informações. Entretanto, enquanto o mundo natural é fascinante em sua dimensão, ele permanece relativamente constante. Por outro lado, as capacidades tecnológicas de processamento da informação no mundo crescem em valores exponenciais”, disse Hilbert.

O artigo The World’s Technological Capacity to Store, Communicate and Compute Information (10.1126/science.1200970), de Martin Hilbert e Priscila López, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

Fonte: Fapesp

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Portinari na internet e para todos

Por Fábio de Castro

Pesquisador das áreas de engenharia de telecomunicações e de matemática, João Candido Portinari deixou a carreira acadêmica de lado há 35 anos, quando decidiu se dedicar integralmente a um projeto grandioso: localizar, digitalizar e catalogar as mais de 5 mil obras de seu pai, Candido Portinari (1903-1962), um dos principais artistas brasileiros.

O Projeto Portinari conseguiu disponibilizar em forma digital praticamente toda a obra do artista. De acordo com João Candido, a iniciativa é uma forma de corrigir uma consequência perversa da importância e do reconhecimento da obra de seu pai: com a maior parte de seus quadros dispersa em coleções privadas de todo o mundo, o pintor que dedicou sua vida a retratar o povo tem sua obra inacessível ao público geral.

Depois de 20 anos de pesquisas, qualificadas por João Candido como “um verdadeiro trabalho de detetive”, toda a obra foi catalogada. Nos últimos 13 anos, o Projeto Portinari tem divulgado a obra do pintor por todo o Brasil, realizando exposições itinerantes em comunidades afastadas, com foco especial nas crianças.

O próximo passo do projeto será grandioso: trazer de volta ao Brasil, temporariamente, a obra Guerra e Paz: dois painéis de 14 metros de altura que foram concebidos especialmente para a sede das Nações Unidas, em Nova York.

Com a sede passando por uma grande reforma, o Projeto Portinari conseguiu a guarda dos dois painéis até 2013. A obra, concluída em 1956, foi a última de Portinari e causou sua morte. Durante os cinco anos em que trabalhou nos painéis de 140 metros quadrados, o pintor já estava intoxicado pelo chumbo das tintas a óleo. Ele morreria no início de 1962 em decorrência do envenenamento.

Considerada pelo próprio Portinari como sua melhor obra, os painéis de Guerra e Paz serão apresentados em dezembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cidade onde foram apresentadas ao público brasileiro por uma única vez antes de serem embarcados para os Estados Unidos, há 53 anos. Em seguida, serão submetidos a uma restauração que poderá ser acompanhada pelo público, em processo que levará alguns meses. Após o restauro, passarão por diversas cidades, acompanhados de 120 estudos preparatórios executados por Portinari entre 1952 e 1956.

No dia 21 de outubro uma exposição com reproduções das 25 obras de Portinari que ilustram o Relatório de Atividades FAPESP 2009 foi inaugurada na sede da Fundação, em São Paulo. Na ocasião, João Candido concedeu à Agência FAPESP a seguinte entrevista:

Agência FAPESP – O Projeto Portinari fez a digitalização de praticamente todas as obras de seu pai. Quais foram as dificuldades encontradas para realizar o levantamento de uma obra tão extensa?
João Candido Portinari – De fato é uma obra extensa. Conseguimos catalogar mais de 5 mil obras. Esse número correspondia à estimativa que tínhamos, antes de iniciar o trabalho, de que ele teria produzido um trabalho a cada três dias, em média, durante cerca de 40 anos, incluindo os grandes painéis e murais que levavam vários meses ou anos para ser realizados. Quando começamos o levantamento, a situação era dramática, pois o paradeiro da maioria das obras era desconhecido, não havia nenhum museu, nenhum catálogo e os livros sobre sua vida e obra estavam esgotados.. Foi um trabalho de detetive que consumiu muitos anos, porque se trata de uma obra dispersa não só em coleções privadas do Brasil, mas em vários países. Encontramos obras nas Américas, na Finlândia, na antiga Tchecoslováquia, no Canadá, na África do Sul, em Israel, no Haiti e em muitos outros países.

Agência FAPESP – Quanto tempo levou esse processo?
João Candido– Essa fase de atividade de rastreamento, localização, catalogação e digitalização consumiu inteiramente os primeiros 20 anos do projeto. Foi uma aventura que só teve sucesso graças à solidariedade da sociedade brasileira. Esse trabalho imenso não se restringiu apenas ao levantamento das obras, conseguimos também reunir mais de 30 mil documentos.

Agência FAPESP – Qual é a natureza dessa documentação?
João Candido – Todo tipo de documento, incluindo 9 mil cartas que Portinari trocou com intelectuais e artistas de sua época, como Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Luís Carlos Prestes, Heitor Villa-Lobos, Cecília Meirelles, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros. É um tesouro extraordinário. Além disso, temos 12 mil recortes de periódicos que vão de 1920 até os dias de hoje. Além de compilar esse material, também produzimos novos documentos. Fizemos um programa de história oral que, ao longo de anos, entrevistou 74 contemporâneos de Portinari. Disso resultaram 130 horas gravadas em vídeo, que não se restringem a comentar sobre Portinari ou arte, mas também abordam preocupações estéticas, culturais, sociais e políticas daquela geração. Tudo isso está consubstanciado em um site, onde qualquer um pode encontrar toda a documentação.

Agência FAPESP – O Projeto Portinari tem uma sede física ou se concentra no universo virtual?
João Candido– Nossa sede fica na PUC-RJ, no Rio de Janeiro, mas você tem razão em dizer que se trata de algo primordialmente virtual. O projeto poderia estar em qualquer lugar, pois não temos nenhuma obra original, apenas reunimos os conteúdos e a pesquisa sobre o artista. Projetamos criar, no futuro, um Museu Portinari, no qual o público pudesse ter contato, em um só lugar, com toda a obra do artista. Faríamos isso com reproduções impressas em alta definição. Avaliamos que reunir reproduções de alta qualidade das 5 mil obras sairia mais barato do que fazer um museu com apenas dez obras originais. Foi o que a FAPESP fez com a exposição de reproduções atualmente em sua sede.

Agência FAPESP – Podemos dizer que, em relação ao tamanho de sua obra, Portinari é pouco conhecido?
João Candido – Sim, essa foi uma das principais motivações para o projeto e é também o que nos inspira o sonho de um dia ter um Museu Portinari. Meu pai dizia que sua obra era dedicada ao povo, mas o destino dela foi vítima de uma ironia perversa: hoje, o povo não tem acesso à sua obra, que está dispersa em coleções privadas e museus em várias partes do planeta. Isso motivou o questionamento de Antonio Callado: "segregado em coleções particulares, em salas de bancos, Candinho vai se tornando invisível. Vai continuar desmembrado o nosso maior pintor, como o Tiradentes que pintou?".

Agência FAPESP – Com a conclusão da catalogação e digitalização das obras, o Projeto Portinari cumpriu sua missão?
João Candido – Não, pelo contrário, consideramos que o verdadeiro trabalho começou a partir do momento em que tivemos todos os conteúdos levantados, catalogados, cruzados entre si e pesquisados minuciosamente. Desde então, passamos a desenvolver uma série de ações. A mais importante delas é o trabalho com crianças, realizado nos últimos 13 anos: o Brasil de Portinari.

Agência FAPESP – Como é desenvolvido esse trabalho?
João Candido– Percorremos escolas, centros culturais e prefeituras em todos os estados brasileiros. Visitamos também hospitais, populações ribeirinhas e presídios. Mas a prioridade é apresentar o trabalho às crianças. Realizamos, por exemplo, uma excursão no Pantanal recebendo crianças para uma exposição em um barco. Em 2009, fizemos uma parceria com a Marinha e percorremos o Amazonas e seus afluentes, ficando 19 dias no rio Purus. Nos navios, moradores de povoados muito precários têm contato com a obra de Portinari e recebem assistência médica e odontológica, tiram documentos, entre outras atividades.

Agência FAPESP – Como é a reação das crianças?
João Candido – Às vezes as crianças têm uma percepção visual bem mais aguçada que a dos adultos. Eles se envolvem muito e entendem imediatamente o que diz o pintor. O resultado tem sido de um sucesso extraordinário. Procuramos incentivar a criança a uma reflexão crítica sobre a realidade do mundo. A ideia é colocá-los em contato com a obra de Portinari e sua poderosa mensagem de não-violência, de fraternidade, de solidariedade, de compaixão e de respeito pelo sagrado da vida. Nada disso seria possível com uma obra que não tivesse a força do trabalho de Portinari.

Agência FAPESP – Podemos dizer que a força do trabalho de Portinari vem da preocupação com a questão social?
João Candido – Sim e isso é muito interessante. O trabalho do meu pai foi caracterizado por um experimentalismo incessante – a ponto de críticos dizerem que em sua obra há uma dezena de pintores diferentes. Mas a temática é sempre a mesma: a profunda preocupação social. Ele foi mudando o estilo e a forma de expressão. Dava importância à técnica, dizia que sem ela é impossível expressar o que vai na alma, mas destacava que seu tema era o homem. Está presente invariavelmente em sua obra esse desejo profundo de solidariedade e de compaixão.

Agência FAPESP – O excluído é o personagem central da obra do pintor?
João Candido – O excluído é um personagem absolutamente central. Ele vivia em uma região cafeeira do interior paulista que era passagem de retirantes que vinham do Nordeste. Isso impressionou de forma indelével as retinas daquele menino que presenciou a tragédia das famílias que viajavam em condições desumanas. Essa experiência despertou nele, de forma muito precoce, um sentimento de solidariedade incondicional com o excluído. Eu diria que esse sentimento solidário – e de revolta e denúncia contra a violência e as injustiças – é uma das características mais fundamentais para compreender Portinari. Esse foco na exclusão encontraria sua síntese máxima em sua última obra, os monumentais painéis Guerra e Paz. Ali, o excluído é a espécie humana inteira, submetida ao flagelo da guerra e excluída da paz.

Agência FAPESP – Quais são os outros temas importantes em Portinari?
João Candido – A partir desse eixo da preocupação com a exclusão social, a temática dele é muito abrangente, abordando questões universais e trazendo também um grande retrato do Brasil. Algo que pouca gente sabe, por exemplo, é que Portinari foi um dos maiores pintores sacros do mundo. É extraordinário como pintou tantas vezes o Cristo e as cenas bíblicas. Uma produção sacra que levou Alceu Amoroso Lima – grande pensador católico – a levantar um intrigante paradoxo: como um pintor comunista como Portinari fazia a pintura sacra com tanto fervor.

Agência FAPESP – Trata-se de fato de um paradoxo?
João Candido – O próprio Amoroso Lima concluiu que não havia paradoxo quando foi a Brodowsky, cidade natal de Portinari, visitar sua casa. Conhecendo a mãe, a avó e as tias do pintor, compreendeu que se tratava de uma típica família matriarcal italiana, de católicas fervorosas. E percebeu que não havia contradição: Portinari era um homem de um misticismo ancestral e nunca abandonou isso. Ele se recusou a seguir as diretivas do Partido Comunista Russo, de que os pintores socialistas deviam seguir os cânones do realismo socialista. Luis Carlos Prestes, que era seu amigo, teve a grandeza de perceber essa dimensão e não fazer qualquer restrição ao meu pai no Partido Comunista.

Agência FAPESP – Além da temática religiosa, o que é mais presente em sua obra?
João Candido – Por tomar para si o partido do desfavorecido, Portinari se tornou um dos maiores pintores de negros das Américas. Isso foi dito por Assis Chateaubriand, que escreveu um texto sobre a presença da África na obra de meu pai: "Portinari é o maior e mais fantástico pintor de negros que ainda viu a espécie humana. Ele sente a África com sua magia, os seus mistérios, a sua volúpia, como nenhum outro artista do pincel". A infância também é um tema recorrente. A infância está em sua obra poética, lírica. Porque é uma infância do interior do Brasil, que, apesar de ser pobre é passada sob as estrelas, no mato, brincando na rua, com animais. Isso está na obra dele de forma riquíssima, impregnada de poesia. Outro elemento é o trabalho. O trabalhador é um tema que percorre toda a sua trajetória. Tudo isso foi abordado de uma forma que apresenta sempre uma dialética entre o drama e a poesia, entre a fúria e a ternura e entre o trágico e o lírico. Em qualquer ponto da trajetória de Portinari veremos essa dialética.

Agência FAPESP – O senhor é pesquisador do ramo de engenharia de telecomunicações. Como foi sua carreira acadêmica? Ainda atua na área?
João Candido – Estudei matemática na França e lá prestei concurso para escolas de engenharia e me formei em telecomunicações. Fiz o doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), ainda na área de engenharia elétrica, mas já com meu interesse todo voltado, novamente, para matemática. Terminando o doutoramento, depois de dez anos fora do Brasil, em 1966 fui convidado pela PUC do Rio de Janeiro para ajudar a criar seu Departamento de Matemática. Eu tinha 28 anos. No ano seguinte fui diretor do departamento e fiquei 13 anos totalmente absorvido na pesquisa, ensino e administração. Em 1979 concebemos o Projeto Portinari. Rapidamente vi que seria impossível conciliar as duas atividades, porque o projeto ia se desdobrando e, infelizmente, tive que abrir mão da matemática.

FONTE: Agência FAPESP

domingo, 31 de outubro de 2010

Mediações tecnosociais e mudanças culturais na Sociedade da Informação

Por: Marco Antônio de Almeida

Resumo

O texto discute as interações entre seres humanos e aparatos tecnológicos e as mudanças socioculturais decorrentes desses processos. Parte do conceito de ciborgue desenvolvido por Donna Haraway, mostrando suas convergências e diferenças em relação a outras formas de pensar a conexão tecnologia-cultura. Posteriormente, acompanha o desdobramento histórico das mudanças sociais, culturais e cognitivas proporcionadas pelas tecnologias de comunicação e informação (TICs). Em seguida, reflete acerca das formas de sociabilidade em curso na atual sociedade da informação mediadas pelos aparatos tecnológicos. Finalmente, tece algumas considerações em torno da relação entre inclusão digital e inclusão social nesse contexto.

versão completa
Resumo

Este ensaio tem por objetivo perceber como a sociabilidade em tribos virtuais se constrói a partir da diversidade cognitiva dos atores sociais presente nas interações
online, observando a prática discursiva que se estabelece a partir da inter-relação entre os conceitos de ethos, logos e pathos (MAINGUENEAU, 2005) que dá forma as subjetividades dos atores sociais envolvidos no processo de comunicação. Para tal, será
observada a interação entre os membros do site Tornadeiros, de modo a identificar tais
práticas como nodos de uma rede complexa que é tecida por meio da sociação (SIMMEL, 2006) entre indivíduos que partilham de um mesmo afeto.

ARTIGO COMPLETO

A produção morfológica do ciberespaço e a apropriação dos fluxosinformacionais no Brasil

Por: Hindenburgo Francisco Pires

A temática desse trabalho representa um novo campo de estudo e pesquisa na área de Geografia e faz parte da linha de pesquisa: ¿Ciberespaço e Sociedade da Informação¿, no curso de Pós-graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro ¿ UERJ. Os objetivos deste trabalho são: em primeiro lugar, evidenciar historicamente como foram empreendidas as políticas públicas de produção, planejamento morfológico e de gestão do ciberespaço no Brasil; em segundo lugar, analisar a atuação e a interferência dos atores urbanos que empreendem um conjunto de atividades econômicas e sociais, que influenciam e interferem na produção e na apropriação dos fluxos informacionais, no desenvolvimento tecnológico local e no aperfeiçoamento de formas de gestão específicas da era da informação, como é o caso da governança eletrônica. Através dessa análise pode-se enunciar que: um novo sistema de estratégias, promovido por esses atores, está emergindo, impulsionado pela expansão da rede mundial de computadores; este sistema consolida um processo que interfere e altera as novas formas de composição do capital dos lugares, cidades e regiões, que possuem fluxos e conexões em rede. Esta composição está permitindo, no ciberespaço, a formação de espaços de comando e de administração dos fluxos de informação, que facilitam e propiciam o crescimento do capital informacional. o risco da expansão desse sistema de estratégias é a ênfase em políticas públicas que promovem a morfologia econômica do ciberespaço em detrimento de ações sociais que privilegiem uma morfologia social do ciberspaço, através de políticas de ¿inclusão digital¿. Este trabalho evidenciará também como esses atores (Estado, empreendedores privados, instituições de fomento e universitárias e organizações da sociedade civil ¿ ONGs) promovem essa transformação morfológica das estruturas territoriais em estruturas virtuais de acumulação. Através dessa análise pode-se apreender que a expansão da rede mundial de computadores é um processo que interfere e altera as novas formas de composição do capital dos lugares, cidades e regiões, que possuem fluxos e conexões em rede. Esta composição está permitindo, no ciberespaço, a formação de espaços de comando e de administração dos fluxos de informação.



Texto na íntegra

O principe eletrônico

Por: OCTAVIO IANNI

Resumen

CON BASE EN LAS CARACTERÍSTICAS Y ATRIBUTOS QUE CONFIGURARA EL ESTADISTA FLORENTINO MAQUIAVELO, EN SU OBRA EL PRÍNCIPE, Y QUE EN EL SIGLO XX GRAMSCI RETOMARA PARA ELABORAR EL MODERNO PRÍNCIPE, EL AUTOR ELABORA LA NOCIÓN DE EL PRÍNCIPE ELECTRÓNICO, CONSISTENTE EN UNA FIGURA POLÍTICA NUEVA Y DIFERENTE DE TODAS AQUELLAS QUE HUBIESEN EXISTIDO, QUE SE ERIGE Y ALIMENTA EN RAZÓN DE LOS MEDIOS DE COMUNICACIÓN. AL DECIR DEL AUTOR, EL PRÍNCIPE ELECTRÓNICO PUEDE SER VISTO COMO ”EL INTELECTUAL ORGÁNICO DE LOS GRUPOS, CLASES O BLOQUES DE PODER DOMINANTES, EN ESCALA NACIONAL O MUNDIAL”. DE ESTA MANERA, SI SE CONSIDERA LA DEMOCRACIA ELECTRÓNICA Y LA MOVILIZACIÓN DEL MERCADO, EL ”POLÍTICO” APARECE COMO UN PRODUCTO EVALUADO CON CRITERIOS MAS PRÓXIMOS A LOS DEL MUNDO DEL CONSUMO. NO PUEDE DEJAR DE INDICARSE QUE EL PRÍNCIPE ELECTRÓNICO TAMBIÉN PRESENTA RASGOS COMUNES AL HOMO VIDENS DE GIOVANNI SARTORI.

Abstract

BASED ON THE CHARACTERISTICS AND ATTRIBUTES SET DOWN BY THE FLORENTINE STATESMAN MACHIAVELLO IN HIS WORK THE PRINCE, AND DEALT WITH AGAIN IN THE TWENTIETH CENTURY BY GRAMSCI IN PREPARING THE MODERN PRINCE, THE AUTHOR PUTS FORWARD THE NOTION OF THE ELECTRONIC PRINCE, CONSISTING OF A POLITICAL FIGURE WHICH IS NEW AND DIFFERENT FROM ALL PREVIOUS FIGURES, AND WHICH ORIGINATES FROM AND NOURISHES ITSELF THROUGH THE COMMUNICATION MEDIA. IN THE AUTHOR´S WORDS, THE ELECTRONIC PRINCE CAN BE SEEN AS ”THE ORGANIC INTELLECTUAL OF DOMINATING GROUPS, CLASSES OR POWER BLOCKS ON A NATIONAL OR WORLDWIDE SCALE”. THUS, IF ONE CONSIDERS ELECTRONIC DEMOCRACY AND MARKETING MOBILIZATION, THE ”POLITICIAN” TAKES SHAPE AS AN EVALUATED PRODUCT WITH CRITERIA

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Jovens podem ter que mudar nome para apagar passado na web

Os jovens de hoje podem ser obrigados no futuro a mudar seus nomes para se livrar dos rastros de suas atividades online passadas, advertiu o presidente da Google, Eric Schmidt, em uma entrevista a um jornal americano. Schmidt afirmou ao diário The Wall Street Journal que teme que os jovens não entendam as consequências de ter tanta informação pessoal sobre eles disponível na internet.

"Eu não acho que a sociedade entenda o que acontece quando tudo é disponibilizado, reconhecido e registrado por todos o tempo todo (...) Eu quero dizer que nós realmente temos que pensar sobre essas coisas como uma sociedade", disse ele.

Segundo o jornal, "ele (Schmidt) prevê, aparentemente sério, que todas as pessoas jovens um dia terão direito automaticamente a mudar de nome ao chegar à vida adulta para deixar para trás as travessuras da juventude guardadas nos sites de mídia social de seus amigos".

"Não estou nem falando sobre as coisas realmente terríveis como terrorismo e acesso a coisas ruins", disse Schmidt.

Apesar disso, ele admitiu que a Google guarda cada vez mais informações pessoais sobre seus usuários para ajudar em seus serviços. Segundo ele, no momento a empresa sabe "razoavelmente quem você é, razoavelmente o que você gosta e razoavelmente quem são seus amigos".

A Google, responsável pelo site de relacionamento social Orkut, recentemente vem buscando aumentar sua presença no setor, com a aquisição da Slide e da Jambool, duas empresas especializadas em prover serviços para redes sociais.

A Slide é uma empresa de jogos online, enquanto a Jambool fornece moedas virtuais e sistemas de pagamento. A Google também teria investido recentemente em outra empresa de jogos para redes sociais chamada Zynga.

Muitos acreditam que as aquisições são um sinal de que o gigante das buscas online está prestes a lançar outra rede de relacionamentos sociais. Alguns comentaristas de tecnologia já até aventaram um possível nome para o serviço: Google.me.

Em fevereiro, a empresa se envolveu em uma polêmica ao lançar o serviço de rede social chamado Google Buzz, ligado às contas de e-mail Gmail. O serviço foi criticado por ser ativado sem pedir o consentimento dos usuários, tornando visíveis ao público todos os contatos das pessoas.

Apesar do tom alarmista da entrevista de Schmidt, alguns especialistas em tecnologia consideram sua avaliação "exagerada". "A ideia de que tudo está registrado online não é verdade", disse à BBC a consultora de mídia social Suw Charman-Anderson.

"Deve levar bastante tempo até que isso se torne verdade, por causa da enormidade da internet." Arquivos como o Google Cache, que guardam versões antigas de sites, são seletivos, lembra ela.

"O Google Cache é um instantâneo tirado periodicamente de parte da internet. No momento, é algo incerto", diz. Algumas companhias já apareceram oferecendo serviços de "limpeza" de perfis na internet, mas Charman-Anderson argumenta que é necessária uma mudança de atitude em relação ao conteúdo pessoal na internet.

"Sempre há uma diferença de tempo entre a introdução de novas tecnologias e o desenvolvimento de uma série de normas sociais em torno do comportamento que essa tecnologia fomenta", diz ela.


Fonte: terra